Impressões sobre o IV Congresso do PT

Rídina Mota*

O clima da etapa estatutária do IV Congresso do PT foi bastante diferente daquela que aconteceu em fevereiro de 2010. O tom de como se dariam as disputas naquele espaço foi dado logo na noite de abertura.

A segurança da Presidência da República definiu que quando todas as cadeiras fossem ocupadas as portas do auditório seriam fechadas, mesmo com algumas centenas de militantes petistas ainda  do lado de fora do auditório. Qual o problema objetivo de deixar os militantes entrar e sentar no chão? Nenhum, claro.

Foi aí que tudo começou, aqueles que estavam de fora fizeram o que de melhor faz um militante do PT, protestaram contra o equivoco da segurança presidencial. Iniciou-se a gritaria, e em tempos de internet, iniciaram-se também as postagens nas redes sociais, enfim os gritos de fora se aliaram aos companheiros que estavam dentro do plenário e também queriam que as portas fossem abertas.

Resultado a Presidenta Dilma mandou abrir as portas, entramos todos e todas e estava dada a tônica do que seria o IV Congresso. O campo majoritário iria ter no dia de sábado mais trabalho do que imaginava.

Ainda na atividade de abertura o Ex-Presidente Lula, perdeu a linha, e saiu com a pérola de que deveria ser criada cota para homens, depois da eleição de Dilma para Presidenta. Resultado dessa anedota: vaias. Mesmo que tímidas, as vaias rolaram e mostraram mais uma vez ao campo majoritário e quem sabe ao próprio Lula que o PT é muito  mais que grandes figuras públicas. Ele é um conjunto de militantes que põem o pé na lama, que constroem o partido, homens e mulheres que sofrem diariamente e que todos somos iguais dentro do partido. O mito Lula também erra e também pode ser vaiado e questionado.

Após um rápido discurso do Lula, foi a vez da Presidenta Dilma aprovar antecipadamente as cotas para jovens nas direções do partido. A frase foi: tem que se criar cotas para os jovens no partido, pois nós e o Brasil precisamos da juventude. Batata! Quem iria se opor? Vitória da Juventude Petista.

No segundo dia de Congresso, duas vitórias históricas: a paridade de gênero e as cotas para jovens, e algumas vitórias bem legais, proporcionadas pela tecnológia.

É isso. Duvido que pela manhã alguém imaginasse que aquele controle remoto de votação fosse proporcionar momentos como os que se viram, por exemplo, na votação do limite de mandatos parlamentares na mesma esfera.

A votação rolou três vezes e o campo majoritário perdeu as três. E todas as vezes que o placar eletrônico mostrava uma vitória contra o campo majoritário os delegados e as delegadas iam ao delírio.

O voto secreto nas propostas demonstrou que a pelo menos 1/3 dos delegados estavam fora do plenário, e que quando não há o constrangimento do olhar, as pessoas votam por suas convicções.

Pode ser até exagero, mas o mais democrático instrumento do congresso do PT estava pendurado no pescoço dos delegados e delegadas, e era apenas o direito de votar secretamente.

Havia também no congresso a turma que Inaugurou um novo período, entre eles e elas, eu era apenas mais uma. Entre nós, além de muita vontade de disputar os rumos do PT, havia leveza no olhar, liberdade no falar, firmeza nos passos e sobretudo certeza nas tantas outras vitórias que se avizinham.

Viva ao Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores!

Viva àqueles e aquelas que Inauguram um Novo Período!

*Rídina Motta é Secretaria de Comunicação PT Maceió (AL)

ridinalucia@hotmail.com

http://ridina.blogspot.com

IV Congresso Nacional do PT - Foto: Mário Agra/J.R Neto - Divulgação PT

IV Congresso Nacional do PT - IV CONGRESSO PT - Foto: Mário Agra/J.R Neto - Divulgação PT


 

RESOLUÇÃO POLÍTICA

 

Nós, militantes do PT, representantes das seguintes correntes e agrupamentos políticos: Inaugurar um novo período, Tendência Marxista, UPS, PT de Aço, militantes do MRS, e ainda representantes e militantes que se organizam em torno de diversos mandatos da esquerda petista, como o do deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), o deputado estadual Anísio Maia (PT-PB), o deputado estadual João Daniel (PT-SE) – sem prejuízo de novas adesões – concordamos na necessidade de constituir uma nova corrente de esquerda, feminista e socialista. Após análise e debate do atual momento no PT, em particular, os desafios da esquerda petista, entendemos que a conjuntura pede e o partido precisa de uma nova tendência com coesão e força política que:

  1. dispute decisivamente os rumos do PT;
  2.  estabeleça relações orgânicas com os movimentos sociais, do campo e da cidade, priorizando sua atuação nas lutas de massa;
  3. tenha  o socialismo   como objetivo estratégico;
  4. tenha o feminismo e o combate ao racismo como princípios fundantes;
  5. convoque o movimento sindical e popular, os militantes da CUT, o conjunto dos lutadores sociais para se incorporar ao PT e a disputa dos seus rumos;
  6. priorize  os diversos  movimentos e pautas da juventude,  os direitos humanos, a defesa da laicidade do Estado, o combate à intolerância religiosa, a luta contra a homofobia, a defesa dos povos indígenas e quilombolas,   a luta anti-proibicionista, a luta pela democratização dos meios de  comunicação e pelo direito à cultura;
  7. reivindique centralidade para a reforma urbana, para a luta ambiental e por um novo modelo de desenvolvimento, baseado na sustentabilidade;
  8. defenda a reforma agrária, agricultura familiar,  a demarcação das terras indígenas, o reconhecimento das terras quilombolas e dos atingidos por barragens;
  9. busque uma atuação institucional que promova esses objetivos estratégicos, fortalecendo o governo Dilma, na perspectiva de aprofundamento das conquistas sociais do povo brasileiro;
  10.  priorize o debate e  formação política permanente da sua militância;

 

A partir dessa compreensão, os 180 militantes de 19 estados, reunidos no Seminário “Inaugurar um novo período”, decidem:

1-    Abrir um processo de construção de uma nova corrente de esquerda e socialista no PT, que tenha uma atuação de massas;

 

2-     Convocar um congresso de fundação desta nova tendência, para os dias 3 e 4 de dezembro de 2011, que terá etapas estaduais e poderá também ter etapas municipais e regionais. A proporção para eleição de delegados ao Congresso será definida posteriormente.

 

3-    O Congresso de fundação se dará através de um processo amplo de debate com a participação de milhares de militantes do PT e lutadores sociais que se engajem por adesão através dos encontros de base e preparatórios;

 

4-    Eleger um conselho político e um grupo de trabalho nacional para conduzir o processo de fundação desta nova tendência.

 

5-    Assegurar o critério da paridade entre mulheres e homens na direção e demais órgãos da nova tendência;

 

6-    Assegurar a pluralidade étnico-racial e a representação da juventude na direção e demais órgãos da nova tendência;

 

7-    O temário do Congresso de fundação será o seguinte:

A-    Conjuntura Internacional e Nacional

B-    A construção do PT, o governo Dilma e os desafios da nova tendência;

C-    O PT, os movimentos sociais e a relação com a nova tendência  na luta pelo socialismo no Brasil;

D-   Programa, Estratégia e Tática para construção do socialismo

E-     Política sobre as frentes de massas: Mulheres, Sindical, MST e Agrária, Juventude, Combate ao Racismo, LGBT, Meio-Ambiente, Cultura e Movimentos Populares;

F-     Política para  a frente institucional;

G-   Politica para as eleições sobre eleições de 2012;

H-   Política de Formação, implantação e crescimento da nova tendência

I-       Politica de comunicação da nova corrente, site, redes sociais, lista e ações de comunicação, propaganda e agitação politica;

J-      Politica de Finanças

K-    Aprovação do Regimento Interno da nova corrente;

L-     Eleição da Direção Nacional e aprovação do nome da nova corrente;

 

8-    Será construído após o Congresso Nacional um processo de retorno nos estados e municípios para debater a implementação da politica de construção da nova tendência;

9-    No Congresso Nacional, os diversos deputados e deputadas que se engajarem na nova corrente deverão constituir uma articulação parlamentar no âmbito da bancada federal do PT;

10-                      Para consecução do processo de constituição da nova tendência os signatários dessa resolução decidem unificar todas as estruturas organizativas que existam, finanças e comunicação, de modo a facilitar e agilizar essa unificação, inclusive nos estados e municípios;

 

A nova tendência já nasce com representantes nos seguintes estados RS, SC, SP, MG, MS, GO, BA, PE, CE,PB, SE, MA, AL, AM, AC DF, RN, RJ, PA e com representação nas direções do PT, na direção nacional  da  CUT  e  da UNE, nas direções estaduais da CUT, em diversas UEEs, no MST,  na CONAM, no movimento de mulheres, em diversos movimentos sociais, sindicatos. Nasce também com a participação de prefeitos e vice-prefeitos, deputados federais, estaduais e vereadores.

Convidamos toda militância petista que se identifique com esses princípios e agenda política a se incorporar nesse processo de fundação de uma nova tendência socialista no PT.

“Em nossa bandeira todas as cores, em nossos corações todos os sonhos.”

Contatos: Valmir Assunção – (61) 9902-5102

Mauro Rubem – (62) 8472-5618

Assessoria imprensa: Ernesto Marques (71) 9129-8150

E-mail: porumanovatendencia@gmail.com

 

 

 

 

 

 

Por Renata Rossi*

 

Ainda sob efeito da alegria de termos aprovado no PT a paridade entre mulheres e homens em todos os espaços de direção, decidi escrever este breve relato.

Representando a chapa Esquerda Socialista, participei da Comissão de Reforma Estatutária que preparou o anteprojeto que foi levado a discussão para as/os 1.300 delegadas e delegados e tive a honra de, em todas as reuniões defender, sem vacilar, a paridade. Essa posição estava amparada na política defendida pela corrente interna do PT da qual faço parte, que está em fase de construção e que, até agora, temos chamado de Inaugurar um novo Período.

Escrevi, nesse meio tempo, alguns artigos apresentando dados que mostram a subrepresentação das mulheres no Brasil e o atraso em relação a demais países da América Latina e emitindo a opinião que nos levava a defender a paridade. Aqui, no entanto, quero relatar o processo em si, a construção política no âmbito do partido que levou a nossa vitória.

Foram várias as reuniões da Comissão e várias as tentativas de para que recuássemos de nossa posição e topássemos um acordo que dizia que a paridade somente aconteceria no PED de… 2017! Até lá, teríamos que nos contentar com a participação de 40% de mulheres nos espaços de direção.

Em todas elas, afirmávamos, ainda que para constar – pois, como absoluta minoria seque conseguimos garantir que a proposta estivesse inscrita no caderno do anteprojeto levado ao debate – que a paridade seria fundamental para que o PT fosse protagonista na mudança de correlação de forças na sociedade, para que a sociedade brasileira – que tem a sua maioria composta por mulheres – se reconhecesse nesse partido que é de massas e que elegeu a primeira mulher presidenta do país.

O Presidente da Comissão, Ricardo Berzoini, ex-presidente do PT, com todo respeito e cuidado de não se opor de frente a iniciativa, deixava escapar na sua fala algo como:

– Radicalismo não levará a nenhum lugar…

Cumpre ressaltar uma coisa: dos integrantes ativos/as da Comissão, cerca de 10 pessoas, apenas duas mulheres: LaisyMoriere, atual Secretária Nacional de Mulheres do PT e eu.

Ou seja, um grupo de homens debatendo a proporção de mulheres no Partido, antevendo e contabilizando quantos deles teriam de sair das próximas direções para que as mulheres assumissem estes espaços.

Lamentavelmente, a Secretária Nacional de Mulheres do PT topou e patrocinou o tal acordo que previa uma transição: teríamos, no próximo PED (em 2013) 40% de cotas e no PED seguinte (2017!), finalmente, os 50%.

Discutimos algumas vezes dentro e fora da comissão. Pedia ela:

– Não façam isso. Não defendam 50%.

Eu perguntava o porque e a resposta vinha em tom de ameaça:

– Se radicalizarmos, poderemos voltar para os 30%.

Confiante na força das mulheres petistas e lembrando o 13 Encontro Nacional, em 2007, quando mesmo que sendo minoria das delegadas, conseguimos convencer a maioria do Partido a aprovar a resolução que defendia a descriminalização do aborto, tive de contraria a Secretária.

Além do mais, radicalizar, nunca foi um problema para as petistas.

E ainda, eu dizia:

– Se nós não apresentarmos a política, não serão, infelizmente, estes homens, ao redor desta mesa que defenderão.

Compreendia a agonia da Secretária: ela representava uma posição construída pelos homens, nitidamente moderada e sem nenhuma consistência política.

Foi então que o processo, a quente, do Congresso, garantiu o aprofundamento do debate. As mulheres do Coletivo Nacional se reuniram e fizeram um bom debate sobre o tema. Várias correntes mudaram suas posições e passaram a defender a paridade. Diversas lideranças políticas, homens e mulheres, foram convencidos/as por estas mulheres que fizeram uma verdadeira campanha conversando de um/ por um/, coletando assinaturas de apoio.

O resultado consagrou a luta destas mulheres e a proposta da paridade foi aprovada por amplíssima maioria, quase uma unanimidade.

A Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário estava a frente do debate e expressou a alegria com aquele momento.

Benedita da Silva, esta mulher que, 20 anos atrás defendeu as cotas de 30% soltou um verdadeiro grito de guerra que saiu do fundo da sua alma e tocou a todas nós.

A Presidenta Dilma deve estar contente.

Eu… bom eu estava lá, na mesa que coordenou os trabalhos. Morrendo de orgulho do meu partido e de nossas mulheres. E meu sentimento foi o de gratidão. Pois, os meses de trabalho na Comissão defendendo o que parecia indefensável e, principalmente, o próprio fato de eu estar ali, naquela mesa, não teriam acontecido se não fosse a luta histórica das mulheres do PT.

A Secretária de Mulheres do PT, teve de pular, dizem até que tentou simular um choro para parecer que tinha alguma coisa a ver com aquilo. Se dependesse dela – e digo dela, porque a posição não refletia a opinião do Coletivo de Mulheres (outro erro que mereceria a destituição do cargo) – teríamos dado apenas um meio passo.

Não queria ser grosseira com a companheira Secretária. Mas quando eu vi Benedita, Rosário, Angélica, Vera, Janete, Rosângela e todas aquelas mulheres lutando tão bravamente, tão honestamente, percebi que seria preciso, para honrar elas e esta luta, contar um pouco dos bastidores deste momento que foi histórico.

E também para mostrar como a luta das mulheres não é fácil. Tanto que algumas de nós, mulheres, ainda não a compreendem como central na consolidação da democracia, da reparação social, da construção de um outro mundo.

Agora nossa próxima batalha é a construção de uma nova corrente nacional interna do Partido que nasce a partir das companheiras e companheiros que construíram a tese Inaugurar um Novo Período, juntamente com as/os companheiros/as da TM, da UPS, do PT de Aço e mais lideranças políticas de 20 estados. Esta corrente nasceu afirmando e implementando a paridade na sua constituição.

Uma corrente que nasce na esquerda do PT, para disputar a opinião na sociedade. Que se apresenta como uma contribuição ao Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras nesse novo período.

Finalmente, a Reforma Estatutária do PT acabou se transformando numa Revolução Estatutária. Viva as Mulheres do PT!

Renata Rossi,é do Diretório Nacional do PT, integrou a Comissão de Reforma Estatutária, e está Inaugurando um Novo Período.

 

A partir da próxima eleição interna do PT, todas as instâncias partidárias deverão ter o mesmo número de mulheres e de homens em sua composição. A emenda que instituiu a mudança foi aprovada com poucos votos contrários no final desta tarde. A proposta foi formulada pela nova tendência, nascida a partir da fusão de grupos nacionais minoritários e agrupamentos regionais que se assumem socialistas. Apresentada no seminário “inaugurar um novo período no PT”, convocado para reunir esses grupos, a emenda começou a ganhar apoios das tendências hegemônicas no próprio encontro, quando alguns de seus cardeais  passaram para fazer uma saudação à nova tendência. Na quinta-feira 1, o líder da bancada na Câmara, Paulo Teixeira, da corrente Mensagem ao Partido, assinou embaixo. Na manhã de hoje, primeiro dia de debates do IV Congresso do PT, José Dirceu também avalizou a mudança. Na hora da votação, a paridade foi aprovada com pouquíssimos votos contrários.
À primeira vista, uma importante vitória das feministas do PT. Mas a aprovação com apoio maciço dos delegados e delegadas revelou o acerto político da tendência recém nascida, ao escolher cirurgicamente uma bandeira capaz de vencer resistências e cabalar apoios até mesmo entre militantes das tendências majoritárias. Renata Rossi, da direção nacional do PT, e militante da nova tendência, fez a defesa da proposta, em contraponto a uma outra, de paridade progressiva, gestada pelas correntes majoritárias. “Estou muito feliz porque é uma vitória de todas as mulheres, compartilhada pelo conjunto do partido, mas sobretudo porque a proposta nasceu de uma definição tomada logo nas primeiras reuniões preparatórias da fundação da nossa tendência”, explica Renata.
Para Angélica Fernandes, outra das muitas “mães da criança”, há expectativa semelhante em relação a outra proposta do novo agrupamento petista, a chamada autonomia militante. A nova tendência tem suas raízes nos movimentos sociais, como o MST, movimentos de mulheres e LGBTT, e propõe que seus militantes fiquem liberados para defender as posições de suas organizações de base quando houver conflito com resoluções do partido. Se aprovada, a regra não valerá para militantes em cargos de confiança e parlamentares,submetidos às decisões de bancada em matérias polêmicas. “O PT deve se adequar à diversidade de seu quadro de militantes e manter sempre a sua pauta aberta às demandas dos mais diversos segmentos sociais”, argumenta Angélica, em defesa da autonomia militante.

NOVA TENDÊNCIA AGREGA SOCIALISTAS DO PT

Os socialistas do PT organizados numa nova corrente interna encerraram ontem (sexta 2) à tarde o
seminário “inaugurar um novo período no PT” e já desembarcam no IV Congresso do partido
como a maior tendência da chamada esquerda petista. Ainda sem nome definido, a nova
organização já nasce com tamanho suficiente para fazer a diferença na política interna do
partido: tem um deputado federal, Valmir Assunção (BA) e paquera pelo menos mais dois
(Domingos Dutra, do Maranhão, e Padre João, De Minas Gerais), deputados estaduais (Mauro
Rubem, de Goiás, João Daniel, de Sergipe, Marcelino Galo, da Bahia, Rogério Correia, de Minas
e Anísio Maia, da paraíba, além de dirigentes estaduais do partido em mais de 15 estados.
Ao final do seminário foi aprovada uma resolução política com as primeiras definições da
organização, inclusive um congresso de fundação nos dias 3 e 4 de dezembro em local a ser
definido.

Fora da institucionalidade, o grupo agrega lideranças e militantes de movimentos sociais rurais
e urbanos. O novo grupo já nasce maior do que as organizações que lhe deram origem, e, a
julgar pelos depoimentos de cabeças coroadas do partido que desfilaram pelo seminário, e
tende a crescer até o congresso de fundação, marcado para 3 e 4 de dezembro. Eloy Pietá,
Gilnei Viana, Nilmário Miranda, Jilmar Tatto, Emir Sader, além do líder da bancada do PT na
Câmara, Paulo Teixeira, foram unânimes em ressaltar que há mais convergências do que
divergências entre si. A conclusão está sendo validada por uma das duas emendas que a
nova tendência apresentará ao congresso convocada para reformar o estatuto, instituindo a
paridade entre mulheres e homens em todas as instâncias partidárias. A emenda já ganhou
apoio de militantes e dirigentes de outras correntes, inclusive aliadas do CNB (Construindo um
Novo Brasil) para hegemonizar o poder no partido. O líder da bancada, Paulo Teixeira, é um
dos signatários.

Para o deputado federal Valmir Assunção, outros parlamentares, agrupamentos estaduais e
regionais e militantes independentes se agregarão no processo de organização do congresso
de fundação da nova tendência, em dezembro. O fermento para fazer crescer o bolo é a
decisão de conciliar a atuação em movimentos sociais e no próprio partido. “Não podemos ter
medo de crescer”, alertou, ao final do seminário.

O Professor Emir Sader abriu o Seminário Nacional da Inaugurar PT em Brasília. Ele lembrou que a esquerda precisa compreender o cenário de forte hegemonia do capital, especialmente de sua face financeira. Exemplo é a atuação do Banco Central brasileiro, que incorpora essas demandas a despeito do projeto do governo federal.

O desafio do PT, na avaliação de Emir Sader, é disputar uma hegemonia de esquerda neste governo formado por uma coalizão ampla. Para isso, é necessário compreender que a base eleitoral conquistada ao longo desses nove anos é maior do que a base política que tem referência no PT. Esse segmento, continua o professor, manifesta apoio a partir dos resultados das políticas sociais.

Emir Sader alertou que o PT e a esquerda precisam colocar como tarefa concreta convencer a população do projeto político que carregam. Isso significa um enfrentamento concreto no campo das ideias, que passa pelo entendimento de que a grande mídia atua como um partido político conservador. Cabe a esquerda, disse Sader, construir seus próprios meios de comunicação e dialogar com a sociedade, bem como ocupar os espaços, em especial a Internet.

Emir Sader destacou também a necessidade de um giro nas políticas públicas de juventude. “Política para a juventude é ‘sexo, drogas e rock ‘n roll’. Tem que ir para além de primeiro emprego e mais escolas, tem que falar de sexo seguro, aborto legalizado e legalização das drogas”, afirmou, arrancando aplausos dos presentes.

Começou na manhã desta quinta-feira o Seminário Nacional da InaugurarPT em Brasília.  O evento reúne militantes do Partido dos Trabalhadores para discutir  a reorganização da esquerda petista para disputar os rumos do PT.

O evento começou com saudações do ex-ministro da Pesca e Aquicultura Altemir Gregolin. Estão escalados para falar o professor Emir Sader; o diretor da União Nacional dos Estudantes Guilherme Guimarães; o secretário de cultura do Governo do Estado do Ceará, Professor Pinheiro, da integrante do Coletivo Nacional de Mulheres do PT Angélica Fernandes e da primeira suplente de vereadora de Belo Horizonte Neila Batista.

 

A liberação do crédito suplementar de R$ 400 milhões para o INCRA, poucos dias após as mobilizações da Via Campesina, em Brasília, dão a pista de uma correção de rumo administrativo que agrada em cheio os movimentos sociais. “Vocês conseguiram recolocar a reforma agrária no centro da pauta de discussão do governo Dilma”, disse Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência, após uma reunião com representantes da Via Campesina, para uma platéia de sem-terra acampados na Esplanada.

Para o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), com origem política no MST, “é um primeiro gesto concreto do governo para sustentar as palavras do ministro e mostra boa vontade para a reaproximação com os movimentos sociais”, contemporiza. “Mas ainda é pouco perto do que precisamos fazer para a reforma agrária acontecer e a sociedade brasileira colher os frutos, inclusive os que hoje tentam criminalizar os movimentos e as nossas lutas”, alfineta o deputado.

Valmir Assunção: assentado do MST no Congresso Nacional

Assunção mediou as conversas entre governo e Via Campesina que levaram seus líderes a uma reunião com representantes de 11 ministérios. Ele é um dos cabeças do movimento que começa a ganhar corpo dentro do PT, ao defender teses como a paridade entre homens e mulheres na direção do partido e autonomia dos militantes que atuam em movimentos sociais. Propostas como essas, defendidas por Valmir e figuras como os ex-ministros Altemir Gregolim e José Fritsch (ambos ex-titulares do Ministério da Pesca) e Angélica Fernandes (chefe de gabinete da senadora Marta Suplicy), têm conseguido aparar arestas e romper o bloqueio que isolou os agrupamentos mais ideológicos e os manteve afastados do centro do poder na burocracia partidária.

O embrião do que pode se tornar uma nova tendência petista – ou um campo de tendências socialistas – já incorporou as propostas desde a sua constituição.

O novo grupo vai definir de que forma se organizará e qual a identidade que assumirá a partir do seminário. Hoje eles se identificam provisoriamente pela palavra-chave do seu manifesto “inaugurar um novo período no PT”. Texto e programação visual das peças de divulgação que circularam pela internet remetem às origens do partido, quando uma borboleta antecedeu a estrela como marca do PT. Os militantes do “inaugurar” reivindicam-se parte do processo político que levou à eleição de Lula e Dilma e do legado petista, sobretudo na área social.

Mas, assim como o deputado Valmir Assunção se posicionou em relação à suplementação do orçamento do INCRA, eles reconhecem a importância dos avanços e querem mais. Sua estratégia está centrada no aprofundamento das relações com os movimentos sociais e a incorporação de suas pautas na disputa pelos rumos do partido e do governo. Nesse ponto, as três propostas apresentadas ao congresso ganham apoio de grupos que hoje estão no centro do poder, mas num passado não muito distante posicionavam-se na chamada esquerda do PT.

A próxima semana pode reservar surpresas para o PT e seus militantes. Além do congresso que reformará o estatuto do partido, foi convocado um seminário com a pretensão de unificar os grupos minoritários mais à esquerda em mais uma tendência interna ou campo político – no jargão petista, uma espécie de frente ou coalizão.

A proposta surgiu depois da cisão da Articulação de Esquerda (AE), com a saída de mais da metade da militância da tendência. A convocação para o seminário “Inaugurar um novo período no PT”, partiu dos dissidentes, e começou a receber sinalizações de apoio tão logo o racha foi divulgado. Nomes de peso, como Emir Sader, o líder da bancada, Paulo Teixeira, Jilmar Tato, deputado federal com grande influência no diretório municipal de São Paulo, o vice-governador e secretário da Cultura do Ceará, Francisco Pinheiro, e o ex-ministro Nilmário Miranda, hoje presidente da Fundação Perseu Abramo, confirmaram presença. Mas a programação lista um bom número de deputados federais e estaduais e atuais ministros, além de lideranças de movimentos sociais sem filiação partidária.

Segundo os organizadores do evento, a participação das “celebridades” nos debates não significa adesão à proposta em gestação de organizar uma nova força declaradamente socialista. Mas a programação divulgada ontem mostra que o movimento dos dissidentes da AE teve eco no partido em todas as regiões. A repercussão nas hostes petistas sinaliza a possibilidade de aglutinação de agrupamentos antes isolados em suas convicções, com reflexos de curto prazo na partição dos cargos da burocracia partidária e até na ocupação de espaços dentro do governo. Um desses grupos, a Tendência Marxista (TM), do vice cearense, Francisco Pinheiro, por exemplo, iniciou uma “paquera” com os dissidentes da antiga AE. Se acertarem os ponteiros com a TM os dissidentes já ficam maiores que eram quando integravam sua antiga tendência.

O ex-ministro José Fritsch, presidente do PT catarinense, aposta no discurso mais ideológico e no estreitamento das relações com os movimentos sociais como fermento para fazer crescer o bolo dos socialistas. “Queremos construir uma aliança interna sólida com os companheiros e companheiras que têm mais convergências do que divergências para disputar os rumos do PT e do governo Dilma”, explica Fritsch. Para ele a presença de lideranças de movimentos sociais não necessariamente filiadas ao PT, como João Pedro Stedile (MST), Tânia Slong e Rosângela Piovisani (Movimento de Mulheres), retrata bem o sentimento dos que desejam “inaugurar um novo período”.

Já o deputado federal baiano Valmir Assunção, liderança revelada nas fileiras do MST, a nova organização, seja na forma de tendência, seja na forma de campo – um conceito petista que pode reunir tendências sem que haja fusão – traz a novidade de congregar os mais diversos segmentos sociais. “Estamos convidando as mulheres, os sem terra, os sem teto, negros e indígenas, o movimento LGBT e todos os segmentos discriminados e que carregam o peso de atuar o preconceito e a criminalização”, explica o deputado.

O seminário dos socialistas do PT antecederá o congresso estatutário que vai deliberar sobre propostas polêmicas, como regras mais restritivas para a realização de prévias para escolha de candidatos a cargos majoritários. Será uma primeira oportunidade de avaliar o nível de coesão entre grupos mais ideologizados e menos pragmáticos que a frente hegemônica surgida após a crise de 2005 para restabelecer o controle do partido, unindo o antigo campo majoritário de Lula a outros agrupamentos que tradicionalmente faziam a disputa interna com os lulistas. Se o novo bloco se afinar, terá musculatura suficiente para ser o fiel da balança em decisões cruciais do congresso e da definição das estratégias eleitorais para 2012 e 2014.

Seminário Inaugurar um Novo Período no PT
1 e 2 de setembro (abertura às 9:30 h do dia 1 e encerramento às 12:30 do dia 2)
STIU (Sindicato dos Urbanitários) – SCS, quadra 6, lote 110, Ed. Arnaldo Vilares, 7º. Andar

https://inaugurarpt.wordpress.com

Assessoria de imprensa: Ernesto Marques (2280-BA) – 71.9129-8150  ernestomarques13@gmail.com

Programação (clique para ampliar):

 

 

1º Seminário Inaugurar Um Novo Período no PT

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